No capítulo sobre Entrega de resultado, mostrei a diferença de foco de times terceirizados vs. times internos. O time terceirizado estará sempre interessado em vender mais horas. Esse é o resultado que essas empresas buscam, alocar mais horas em seus clientes, incluindo você e sua empresa, o que é um resultado diferente do que você busca.
Você e sua empresa não estão buscando contratar mais horas de desenvolvimento de software. Vocês buscam atingir seus objetivos estratégicos, enquanto resolvem problemas e necessidades de seus clientes. Esse desalinhamento de objetivos é o que me faz desaconselhar o uso de times terceirizados. Você pode usá-los, desde que tenha bastante clareza dessa diferença de objetivos e saiba gerenciar os efeitos que essa diferença pode causar.
O próprio relatório de prestação de contas ao final do mês, que vem junto com a nota fiscal que devemos pagar, vem com um detalhamento de quantidade de horas trabalhadas por cada profissional alocado e uma lista de funcionalidades entregues. Já vi em relatórios de empresas de terceirização de desenvolvimento de software alguma demonstração de entrega de resultado para a empresa ou para o cliente, mas isso é bastante raro.
Certa vez, tive a oportunidade de ajudar um cliente a tomar a decisão de trocar o time terceirizado por um time interno. Uma vez que o custo mensal médio por pessoa do time de desenvolvimento de produto tende a ser próximo, a troca se justificaria pelo simples fato de ter as pessoas do time interno bastante alinhadas com os objetivos de negócio. Nesse cliente, uma das métricas de negócio que acompanhávamos era a quantidade de vendas geradas por esse time de desenvolvimento de produto.
É interessante notar que, enquanto o time é parcialmente terceirizado, a quantidade de novas vendas não aumentava, por mais que estivesse claro que esse era um dos principais objetivos do time. Somente após alguns meses com o time sendo majoritariamente formado de pessoas internas é que a métrica de novas vendas começou a crescer.
Quando eu estava na Lopes, optei por trazer um time terceiro de uma empresa de consultoria com bastante conhecimento sobre desenvolvimento de software, a ThoughtWorks, para me ajudar a implementar os princípios que comentei na Parte 2 do livro (Princípios). Foi um trabalho curto, de 7 a 9 meses, com o objetivo e o prazo definidos e acordados desde o começo.
Esse artigo é mais um trecho do meu livro mais recente “Transformação digital e cultura de produto: Como colocar a tecnologia no centro da estratégia da sua empresa“, que vou também disponibilizar aqui no blog. Até o momento, já publiquei por aqui:
Ajudo empresas e lideranças (CPOs, heads de produto, CTOs, CEOs, tech founders e heads de transformação digital) a conectar negócios e tecnologia por meio de treinamentos e consultoria focados em gestão de produtos e transformação digital.
Na Gyaco, acreditamos no poder das conversas para promover reflexão e aprendizado. Por isso, temos três podcasts que exploram o universo de gestão de produtos por ângulos diferentes:
Você trabalha com produtos digitais? Quer aumentar as chances de sucesso do seu produto, resolver os problemas das usuárias e atingir os objetivos da empresa? Conheça meus livros, onde compartilho o que aprendi ao longo de mais de 30 anos criando e gerenciando produtos digitais:
