Já escrevi sobre o que chamo de Equívoco nº 1 sobre Discovery: pensar que discovery é um processo. Em dois artigos recentes, explico que discovery não é um processo, mas sim um conjunto de ferramentas para mitigar riscos e, acima de tudo, um mindset.

Quando dou exemplos de discovery como mindset, costumo citar o caso da Osteria Francescana e como eles criaram sua sobremesa mais famosa, “Oops, I dropped the lemon tart”, ou o prêmio do Etsy para o “suéter de três mangas”, dado ao engenheiro responsável pelo erro mais espetacular do ano. Às vezes, também conto a história do Post-it. Na 3M, a equipe estava tentando desenvolver uma cola super forte, mas um dos experimentos resultou no oposto: uma cola fraca e reutilizável. Spencer Silver, um dos químicos, mostrou o material a Art Fry, colega de empresa e membro de um coral, que precisava de algo para marcar as páginas da partitura—o durex comum estragava o papel, e papéis soltos caíam com facilidade. A cola fraca funcionou perfeitamente, e assim nasceram os Post-its. Tudo porque Art Fry tinha um mindset de discovery.

Mas, sempre que uso essas histórias para ilustrar o conceito, sinto falta de exemplos vividos em primeira pessoa. Quem me conhece sabe que gosto de trazer experiências reais da minha carreira para explicar ideias. Pois bem, isso mudou. Recentemente me lembrei de dois momentos em que vivi na prática o mindset de discovery.

Na drogaria

A foto abaixo foi tirada depois de um dia inteiro de trabalho no Gympass. Eu ainda estava com a camiseta da empresa quando passei em uma Drogasil, uma grande rede de farmácias no Brasil. Enquanto conversava com a atendente, ela viu a camiseta e chamou a colega: “Olha, tem alguém do Gympass aqui!” Na hora, coloquei meu “chapéu de discovery” e comecei a perguntar como elas usavam o benefício corporativo.

Elas ficaram felizes em responder. Disseram que usavam duas ou três vezes por semana em uma academia perto de casa—e, às vezes, também em uma perto da própria farmácia. Aproveitaram para dar sugestões de como melhorar o app e a experiência nas academias. Aquela visita rápida virou uma sessão de discovery valiosa.

Visting Drogasil

No Uber

O segundo momento foi bem parecido. Eu estava em Londres para reuniões de liderança do Gympass. A Uber era uma das nossas clientes e oferecia o benefício não só para seus funcionários, mas também para os motoristas.

Depois de uma das reuniões, chamei um Uber. Mais uma vez, estava com a camiseta do Gympass. O motorista logo perguntou se eu trabalhava lá. Quando respondi que sim, ele disse que tinha acabado de receber o benefício e estava adorando—entre uma corrida e outra, conseguia parar em uma academia e fazer exercícios. Tivemos uma ótima conversa, e aprendi bastante sobre como ele estava usando o produto.

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