
Todo fim de ano convida à retrospectiva. Mas, mais do que listar acontecimentos, vale procurar entender o que ficou mais nítido depois de tudo o que foi dito, testado, prometido e (in)validado.
Para mim, 2025 foi menos sobre novidades e mais sobre amadurecimento, ou falta dele.
Alguns temas que já vinham sendo discutidos há anos finalmente perderam o verniz de hype e passaram a exigir posicionamento real.
IA deixou de ser tendência. Virou infraestrutura para sermos mais produtivos e para criarmos produtos mais inteligentes.
Em 2025, ficou difícil levar a sério qualquer conversa sobre produto que ainda trate a IA como “algo a ser explorado no futuro”.
Assim como cloud, APIs ou mobile um dia viraram.
Isso muda completamente a pergunta que times e lideranças precisam fazer. Já não é mais “vamos usar IA?”, mas:
Um exemplo prático disso é a Astro Lumi.
Ela não nasceu como um produto tradicional “que ganhou IA depois”. Desde o início, foi concebida como um produto em que a IA não é uma feature, mas uma fundação. Astro Lumi é uma astróloga virtual que não só cria seu mapa astral e o mapa da revolução solar, como também ajuda a interpretá-los por meio de uma interface conversacional. O foco não está em impressionar com tecnologia, mas em usar a tecnologia para ajudar pessoas a se conhecerem por meio da astrologia.
Esse tipo de abordagem muda tudo: o que se constrói, como se constrói e, principalmente, por que se constrói.
Um detalhe interessante desse produto foi a escolha da interface. Optei por uma experiência conversacional não porque “chat está na moda”, mas porque fazia sentido que uma astróloga virtual se comunicasse conversando. A forma não veio antes do significado.
O mesmo raciocínio se aplicou ao aprendizado sobre o produto. Em vez de rodar um Sean Ellis survey como uma funcionalidade isolada, mandando e-mail para a base e pedindo para as pessoas preencherem um formulário, resolvi incorporá-lo à própria conversa. A pesquisa deixou de ser um artefato separado e passou a fazer parte da experiência.
Esse tipo de decisão parece pequena, mas revela uma mudança importante: quando a IA é fundação, produto, aprendizado e experiência deixam de ser camadas independentes e passam a evoluir juntas.
Os produtos mais interessantes que vi este ano não eram os que “tinham IA”, mas os que pensaram o produto a partir dela, sem transformar isso em slogan.
Outra constatação que 2025 reforçou: frameworks continuam sendo superestimados, enquanto cultura segue subestimada.
Não faltam roadmaps bem desenhados, cerimônias organizadas ou squads no organograma. O que falta é:
Cultura de produto continua sendo mais determinante do que qualquer método. E, justamente por isso, é mais difícil de construir.
Ela não se implanta. Ela emerge ou não.
Fenômenos como o vibe coding ganharam força em 2025 porque respondem a uma ansiedade real: a pressão por velocidade.
E não há nada de errado em acelerar protótipos. Pelo contrário.
O problema começa quando velocidade vira substituto de:
Vibe coding é sintoma. Sintoma de um mercado que confunde rapidez com progresso e experimentação com estratégia.
Olhando para frente, minha aposta é clara: 2026 vai ampliar a distância entre empresas que sabem o que estão construindo e empresas que apenas conseguem construir rápido.
Devem se destacar ainda mais aquelas que:
Nada disso é novo. Mas em um contexto onde a tecnologia acelera tudo, a falta desses fundamentos cobra um preço maior, e mais rápido.
Talvez esse seja o verdadeiro desafio do próximo ciclo: não é sobre novas ferramentas, mas sobre ter clareza de quais problemas vamos resolver, para quem e por quê. Só assim conseguiremos tomar melhores decisões e gerar melhores resultados.
Ajudo empresas e lideranças (CPOs, heads de produto, CTOs, CEOs, tech founders e heads de transformação digital) a conectar negócios e tecnologia por meio de treinamentos e consultoria focados em gestão de produtos e transformação digital.
Na Gyaco, acreditamos no poder das conversas para promover reflexão e aprendizado. Por isso, temos dois podcasts que exploram o universo de gestão de produtos por ângulos diferentes:
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